quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Vazio de Poder

Este blog foi originalmente concebido para ser um esforço de reflexão sobre o vazio de poder que existe em Portugal. Independentemente do saldo ser positivo ou negativo, uma coisa é certa, hoje não há dúvidas que o vazio existe. Ninguém manda neste país. Não há responsáveis. Os políticos limitam-se a seguir estratégias de marketing e governam apenas com critérios de popularidade. Esta crítica vale para todos os partidos sem excepções. Exercer o poder, implica assumir responsabilidades, tomar decisões, apontar um caminho. Nada disso tem sido feito e as mudanças vão acontecer a bem ou a mal porque a situação é crítica a todos os níveis. Por isso, mais do que promover a alternância democrática e a discussão partidária, é obrigatório exigir que todas as pessoas, independentemente dos partidos a que pertençam, se juntem e adoptem estratégias de médio e longo prazo, que serão duras no curto prazo mas que são a única forma de salvar a democracia e a liberdade. Já não existem muitas alternativas, já não faz sentido discutir ideais, já não faz sentido dividir opiniões, o caminho já é demasiado estreito. E também já não temos tempo para continuar à procura das pessoas certas. Tem de ser esta geração, no seu conjunto, a promover a mudança. É preciso substituir os ministérios por um conjunto de pessoas com capacidade de formular estratégias e obrigar o governo e o parlamento a implementa-las. E para isso é necessário convencer a opinião pública que já não há opção. É necessário formar associações, grupos, fóruns de activistas e fazer manifestações de protesto e de esclarecimento. É necessário passar a palavra e convencer familiares, amigos, desconhecidos a juntarem-se a esta causa que é de todos. Se abdicarmos de tomar as rédeas do nosso próprio destino, ficamos condenados a ser governados por um ditador qualquer que apareça no futuro próximo a dar esperança a um povo com medo. E acho que ninguém quer que isso aconteça.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Portugal em Balanço

Com 2009 quase a acabar, mais do que fazer um balanço anual, faz sentido fazer uma análise mais alargada porque acaba também um ciclo de três décadas de grande desenvolvimento e bem-estar em Portugal. Durante este período o dinheiro nunca faltou. Beneficiámos da generosidade europeia, juros baixos, acesso facilitado ao crédito e petróleo quase sempre barato. E com tudo isso desenvolvemos um estilo de vida sofisticado, em que muitas pessoas vivem com um conforto acima da média europeia e quase todas acima da média mundial. Dizem que o dinheiro não traz felicidade mas a verdade é que ajuda bastante. Ganhámos hábitos de ricos e perdemos a noção da realidade. Ainda pior, destruímos as bases que poderiam ajudar-nos a ultrapassar os obstáculos que se avizinham. Em particular a educação, o que para um país parco em recursos naturais, deveria ser o bem mais valioso. Mas há o outro lado da moeda. Hoje em dia temos mais estradas, pontes, hospitais, escolas, carros, casas, helicópteros, tecnologia, centros comerciais, estádios, cultura, acesso à informação, acesso a viagens, e tantas outras coisas em que se gasta dinheiro e que nos fazem sentir melhor, pelo menos algumas. Está na natureza das pessoas adaptarem-se às circunstâncias e como é óbvio isso irá suceder. O que me assusta é que da mesma maneira que levámos três décadas a chegar até aqui, também precisaríamos do mesmo tempo para retroceder. Mas aqui é que está a grande injustiça. Será uma sorte se tivermos três anos para nos habituarmos à nova realidade. O mais complicado será na minha opinião a parte psicológica. Em determinado momento haverá um click na cabeça das pessoas e cada uma reagirá à sua maneira. Talvez haja revolta, talvez aconteça uma reacção positiva e imediata, ou quem sabe se não se caiará numa melancolia conformada. Só o tempo o dirá porque nem a história poderá ajudar a prever visto que o mundo nunca teve este nível de globalização e essa variável será determinante para enfatizar e prolongar os maus momentos. Colocar os pés no chão e olhar para a realidade é o desafio que se coloca para 2010 e para os anos que se seguem. Veremos se estaremos à altura das circunstâncias.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Natal

Nesta época festiva vou dar uma pequena trégua aos políticos e ao governo. Estamos em época de abrir excepções e neste Natal espero que sejam todos felizes. Fiquei particularmente feliz por ter notícias de uma pessoa que me diz muito mas com quem infelizmente não falo no dia a dia. Acho que essa é a grande magia do Natal. Como o meu guru de Machu Pichu costumava dizer, a vida só faz sentido quando se perde tempo com aqueles que gostamos. Muitos presentes, muitas guloseimas, boas viagens e bom trabalho para quem como está um bocado ensonado como eu...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Cabeça na Areia I

Terei ouvido bem ou o PM disse ontem no parlamento que está a resolver problema do endividamento com a aposta nas energias renováveis? Devo estar com problemas de audição, ou isso, ou o PM está completamente à deriva, ou é tão estúpido que não percebe que está a falar de duas coisas de proporções completamente diferentes. Será que ele não se deu conta que este ano pagou (pagámos todos!) 5 mil milhões de euro de juros mesmo com as taxas de juro actuais, que estão baixíssimas.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Prenda de Natal

A Caixa, leia-se o estado, vendeu 40,9 milhões de euros em acções da Zon à Isabel dos Santos e 370,9 milhões de euros em acções da Cimpor a uma empresa brasileira. São cerca de 412 milhões de euros de prenda de Natal que representam 0.25% do PIB e que provavelmente vão ajudar a ajustar o deficit para o valor pretendido pelo governo. É o costume: receitas extraordinárias para esconder a trapalhada em que estamos metidos.

Hospitais Públicos

Ter um filho internado num hospital representa uma situação de total vulnerabilidade e em que qualquer pessoa suplica que o sistema de saúde público funcione. Se existe um bom motivo para pagar impostos este é um deles. A minha experiência felizmente está a ser globalmente positiva, embora não saiba como seria sem a intervênção de médicos amigos que intercederam no meu caso particular. Mesmo assim, há tanta coisa que funciona mal. Com pouco dinheiro poderiam ser resolvidas tantas complicações, tantos entraves a uma actuação eficente dos médicos. Por outro lado constato que também há muitas coisas boas no sistema de saúde. E tenho medo que no futuro os cortes orçamentais inevitáveis a todos os níveis, destruam o que há de bom na saúde em Portugal.
No outro dia, um grande amigo dizia que não podemos ter um atitude péssimista como tem o Medina Carreira, que não podemos mostrar verdade toda para evitar cairmos numa depressão colectiva. Que temos de nos orgulhar de ter a menor taxa de mortalidade infantil do mundo. Concordo. Mas até quando? É porque tudo o que há de bom no sistema de saúde custa dinheiro, e até quando é que vamos ter esse dinheiro? Depois desta minha experiência pessoal vou lutar com todas as minhas forças contra todos os palhaços deste país, como descreve de forma corajosa o Mario Crespo na sua crónica.
Porque estamos a deixar com o nosso conformismo que esta gentalha, como diz o Medina, destrua aquilo que é mais importante, a saúde, a educação, a justiça. Quando tivermos sufocados em juros a pagar os TGV's e autoestradas e os lucros descomunais de uma dezena de empresas protegidas pelo estado, já vai ser tarde de mais. A altura de agir é agora! Em Portugal mais que o aquecimento global, temos à perna a corrupção global que vai levar a um extremar das desigualdades sociais ao nível dos países do terceiro mundo. Chega de paninhos quentes, está na hora de encarar a realidade de frente, custe o que custar!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

3º Trimestre

No 3º Trimestre de 2010 Portugal cresceu mais 0,5% que a União Europeia. Será motivo para festejar ou para ter medo? Quanto será que isto nos vai custar nos próximos anos. Não tenho ilusões, quem nos governa fará tudo o que estiver ao seu alcance para esconder o real estado de coisas. Por isso mais vale festejar agora porque mais cedo ou mais tarde vem aí a realidade.

sábado, 28 de novembro de 2009

Ainda não foi desta

O novo código contributivo foi adiado. Felizmente! Talvez fosse a gota de água que faria transbordar o copo. Mas o copo continua cheio e não me parece que haja vontade de esvazia-lo.
A verdade é que o país votou recentemente e confirmou a vitória de um estilo de governação que gasta o que tem e o que não tem e está apenas preocupado com os resultados de curto prazo. Temos o que merecemos e por isso mais tarde ou mais cedo iremos pagar o preço. Em impostos e não só.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Novo Código Contributivo

Medo! Muito medo! Acho que é do senso comum que em Portugal se paga impostos a mais. Na situação actual qualquer aumento de impostos reduz ainda mais a capacidade de gerar riqueza, o que implicará mais tarde a necessidade de novos aumentos de impostos. É um ciclo vicioso que nos levará à desgraça. Só o desespero leva um governo a tomar tal medida. Ou o desespero, ou uma total falta de responsabilidade, comprometendo o futuro para safar o presente. O pior é que este novo código contributivo não é um pequeno ajuste, tipo os 2% no IVA da última legislatura. Trata-se de uma mega subida de impostos, que vai retirar poder de compra a todos os trabalhadores e piorar a situação das empresas mais vulneráveis, o que conduzirá inevitavelmente a mais despedimentos. O objectivo do governo é dizer daqui a 4 anos que resolveu a situação das contas públicas, mas até onde é possível continuar com esta política de espremer a classe média e as empresas. O que vai acontecer é que a classe média vai desaparecer com tantos impostos e as empresas também. E quando formos todos pobres e desempregados a quem é que o governo irá sacar o dinheiro para alavancar a economia e ao mesmo tempo beneficiar uns quantos amigos com a concessão de mais obras públicas? Nessa altura Portugal terá liberdade de escolher o seu próprio destino ou serão os nossos credores a definirem que vamos passar a ser o depósito de lixo da União Europeia? A realidade é cruel, para pagar os salários de Dezembro da função pública vamos ter de pedir mais dinheiro emprestado. Portugal caminha a passos largos para ser aquela família que para pagar empréstimos, contrai novos empréstimos a juros exorbitantes, e que em pouco tempo deve tanto dinheiro que tem de declarar falência, perde a casa, o carro e tudo mais. A União Europeia não nos vai deixar chegar a esse ponto mas em contrapartida vamos perder a nossa dignidade e pior, a nossa liberdade. Quando comecei este blog, este tipo de discurso soava a exagero, mas hoje em dia o exagero está a bater-nos à porta. Começo a pensar que Portugal não será o local ideal para viver nos próximos anos, ou mesmo décadas. Talvez seja necessário voltar a pensar em emigrar, procurar lugares com melhor perspectiva de vida por mais que me custe deixar o meu país. Mas se olhar para a situação de um ponto de vista puramente racional essa parece-me a única saída. E quanto mais cedo melhor porque refazer a vida aos 30 é bem melhor que aos 40 e por aí a fora…

terça-feira, 17 de novembro de 2009

No fundo todos sabemos

Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és… Sócrates nem precisa de ser julgado e condenado. As suas companhias dizem tudo. Para certas pessoas o sol deveria nascer aos quadradinhos...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O Muro da Vergonha

O muro foi algo físico, concreto, real, palpável. Quem tem guardado algum pedaço do original consegue ver bem a diferença entre a face pintada e a face de betão manchada com sangue. São duas realidades tão fáceis de distinguir, dois modelos de sociedade tão radicalmente diferentes mas ainda há tantas pessoas que se recusam a ver.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mais do mesmo

Sócrates escolheu mais não sei quantos ministros para encher chouriços. Mais parece um talho que um governo de um país. Mais uma vez não arriscou nomear pessoas que algum dia o possam superar mesmo que para isso tenha recorrido ao refugo do refugo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Deputada aos 25

Questiono-me o que será que a nova sra deputada Maria Francisca de 25 anos terá feito na vida para merecer exercer tais funções?
É licenciada em direito mas normalmente um curso de direito acaba aos 23 anos e ainda tem mais 2 anos de estágio. Ou seja, caso a nova sra deputada tenha seguido as vias normais, acabou de sair do estágio e entrou directamente no mercado de trabalho para a assembleia da república. Deve ter sido a estudante mais brilhante que Portugal já viu.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Será?

Após este ciclo intenso de eleições constato que está tudo na mesma ou pelo menos parecido. Será legitimo concluir que a maioria das pessoas está satisfeita com a sua qualidade de vida?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Autárquicas

Não há muitas conclusões a tirar sobre as autárquicas. O PCP mostrou que é muito mais forte que o BE e o CDS pois tem um eleitorado próprio ao contrário dos outros que dependem das flutuações do PS e PSD respectivamente. Por pouco ganhavam a câmara de Lisboa pois caso o resultado tivesse ficado em 8-8-1 seria o Ruben de Carvalho a mandar nos destinos de Lisboa. Espero que o António Costa mostre o que vale neste mandato e reabilite Lisboa para que possamos sentir mais orgulho de aqui viver.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Legislativas

Não escrevi sobre as eleições.
Duas conclusões essenciais:
- Ninguém melhor que uma pessoa totalmente insconsciente para conduzir o país agora que vamos sair da auto-estrada e entrar num trilho com subidas ingremes e descidas vertiginosas. Se há alguém que sabe lidar com buracos e precipícios como se nada fosse é o pseudo engenheiro Sócrates. Trekking é a minha actividade favorita por isso não tenho medo. Havemos de nos safar.
- Salvaram-se todos os idealistas de esquerda que ainda não é desta que vão para o poder e assim podem manter-se inocentes. Aprendi a respeita-los desde que comecei a ir às festas do Avante.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Debate Decisivo

Sócrates expôs o programa do bloco e cheguei a sentir pena do Chico.
O bloco expôs uma parte da corrupção socialista e senti raiva por ver o desprezo de quem brinca com o futuro de todos nós.
Ontem conclui que Sócrates é o pior governante da nossa história, ele sim é que é um chico esperto à portuguesa. Mas será que ninguém vê as passagens administrativas na educação, os exames facilitados, a dívida pública monstruosa, a vergonha que é justiça, o disparate que são as obras públicas faraónicas, a saúde que já é mais privada que pública, a maneira estúpida como estamos a beneficiar certos grupos económicos, as mega cidades das periferias que são os guetos do futuro. Palavras para quê! Qualquer pessoa vê que o país está a avançar a passos largos para a pobreza.

Não acredito que os votos que o BE perdeu ontem voltem para o PS, são pessoas desiludidas que jamais votarão Sócrates. Tenho esperança que não tenha sido só o BE a perder votos, que o PS também os tenha perdido nem que seja para a abstenção.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Abaixo as PMEs!

Antes do debate decisivo das esquerdas e analisando o discurso de direita dos últimos confrontos, tanto o PSD como CDS defendem com unhas e dentes as pequenas e médias empresas e dizem que se forem governo vão dar condições para o seu desenvolvimento. Porque representam postos de trabalho e porque vão colocar o país na rota do crescimento. É um discurso conveniente para quem quer fazer um contraponto à actuação do governo Sócrates de beneficiar os grandes grupos económicos. Mas não sei se será assim tão compensador e fácil de executar. É difícil separar o trigo do joio e muitas PME’s são apenas fonte de prejuízos e não têm salvação possível. Além disso muitas dependem fortemente das grandes empresas. Sem contar que mesmo as melhores vivem em constante sufoco financeiro logo terão sempre grandes dificuldades de contratar sem recorrer a esquemas tipo recibos verdes, mesmo que houvesse uma baixa de impostos que infelizmente não me parece possível. Uma coisa é certa, nunca será como a Manuela e Portas pintam nestes debates de campanha. Nestes debates está em confronto o lirismo da esquerda e discurso de ocasião da direita, com o Sócrates no meio, com todo o cinismo do mundo, a tentar convencer as pessoas que os últimos 4 anos não foram um pesadelo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Jerónimo afunda Comunistas

O líder dos comunistas não só foi gozado sem dar conta pelo Chico como depois prestou vassalagem ao PM. Depois destes dois debates os comunistas ficaram como a selecção. À espera de um milagre.

A Manuela está viva!!!

A Manuela mostrou ontem que o bloco é um bando de ingénuos que imaginam que as pessoas vão ser mais felizes se viverem com regras e restrições que eliminarão toda a injustiça social ou seja os ricos. O Chico não conseguiu ultrapassar a ratoeira, ganhar ao PSD seria fácil, são uma corja de abutres que sugam tudo o que tiverem oportunidade. Mas ganhar a uma Manuela Ferreira Leite que se demarcou várias vezes do partido é muito mais difícil, ela tem um capital de seriedade que mais nenhum político tem. É pena ela candidatar-se pelo PSD, se fosse ao contrário a Manuela pelo bloco e o Chico pelo PSD sem dúvida que votaria na Manuela. Como não é possível, não votarei nem no bloco nem na Manuela.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Descaramento Total

O PM mostrou que está disposto a tudo para ganhar as próximas eleições. Na conferência de impressa com a ministra da educação desta semana disse que as pessoas que consideram que a melhoria do aproveitamento escolar é resultado do facilitismo, estão a insultar o trabalho dos professores, o esforço dos alunos e como é óbvio o governo. Na realidade o que está a acontecer na educação é um crime, estão a matar as hipóteses de uma geração inteira de alunos. Qualquer professor pode testemunhar que hoje em dia é pratica corrente passar alunos com 7, 8 ou mesmo 9 negativas. Isso não prejudica apenas os alunos que passam sem aproveitamento mas todos os outros que percebem que não é preciso estudar para passar. Quanto menor a exigência menor a qualidade dos alunos e com este governo a exigência passou o limiar do zero, para valores negativos. De todas as coisas más desta última legislatura, esta é aquela que terá um impacto mais negativo no longo prazo, mais negativo ainda que a dívida monstruosa que acumulámos na última década.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Apenas a Realidade

Pela primeira vez ouvi alguém na televisão assumir sem nenhum tipo de hesitação que a próxima geração viverá muito pior que a actual. Os últimos governos têm gasto muito mais do que o país suporta e vão passar para as próximas gerações um país endividado, para não dizer falido.

Em particular o governo Sócrates não tem vergonha de dizer em voz alta que reduziu o défice mas fê-lo à custa de aumentar impostos reduzindo ainda mais a capacidade produtiva que já é tão baixa. Como se isso não bastasse aproveitou essa pequeníssima folga gerada pelos nossos impostos para promover a ideia do investimento público e anuncia-la como sendo o grande motor da economia. O grande problema é que o investimento público é ainda mais dinheiro que sai dos nossos bolsos ou de empréstimos que iremos pagar com juros daqui a uns anos. O objectivo é injectar liquidez em construtoras e outras grandes empresas que dinamizam a economia paralela e o consumo, mas que retribuem muito pouco de volta para o estado, nem sequer com empregos! Sendo assim aumentam as desigualdades já que os administradores dessas grandes empresas enriquecem à custa do empobrecimento da classe média e da falência das pequenas e médias empresas e continua a aumentar o peso e a dívida do estado, cada vez menos capaz de fazer face às suas verdadeiras responsabilidades que são a saúde, a educação, a justiça e a segurança.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Programa Eleitoral

Tanta conversa à conta dos programas eleitorais como se fossem coisas importantes. Encher um programa eleitoral de promessas é algo fácil mas inútil, as pessoas já não acreditam. Encher um programa eleitoral com medidas duras mas necessárias é algo que custa votos. Por isso mais vale não fazer programa. Acho que é essa a ideia da Manuela Ferreira Leite. O problema é que tudo o que diz respeito ao PSD é feito sem alma.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Vai começar...

Está quase a acabar o período de tréguas e a começar a campanha eleitoral. Medo!!!

Por um lado temos Sócrates que anda na política como peixe na água, adora frases feitas, daquelas que nem precisam de ter sentido, basta dizê-las alto e com convicção, num comício bem composto cheio de fervorosos figurantes. Além disso sabe que no final do próximo mandato terá à sua espera um emprego bem remunerado numa das várias empresas que tem favorecido.
Por outro lado a Manuela que sente que o país está a caminhar para o abismo e que tem a obrigação moral de tentar fazer alguma coisa, mesmo que lhe custe imenso ter que lidar com políticos. Se ganhar, será um sacrifício pessoal enorme liderar um país que não tem nada a ver com ela. No fundo está a torcer para perder porque ficará de consciência tranquila por ter tentado e sem o incomodo de ter de governar um país que não quer ser governado.
Com tão maus candidatos à vitória resta olhar para os partidos pequenos. O BE, o PCP e o PP andam à caça do voto de protesto como forma de sobrevivência. Todos têm líderes carismáticos mas todos têm ideologias questionáveis. Não são perigosos a não ser que resolvam servir de muletas aos partidos grandes. Mas não deixam de ser políticos e não deixam de ser beneficiários deste sistema que não funciona.

O único voto que faz a diferença é o voto em branco. É verdade que não muda nada no curto prazo mas vai criando espaço para que forças não partidárias apareçam para conquistar o poder aos políticos. Porque à medida que a qualidade de vida vai diminuindo, mais pessoas vão ganhando consciência que não é com políticos que vamos sair do buraco.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Legislativas

Sócrates merece ganhar as próximas legislativas. Não por mérito mas por castigo. Conseguiu fazer ainda pior que os governos anteriores. Reduziu o défice à custa de aumento de impostos, aumentou o investimento público criando uma dívida monstruosa, adjudicou obras desnecessárias e dispendiosas às empresas dos seus amigos, acabou de vez com a educação para mostrar que tem as melhores estatísticas, não fez a reforma da saúde porque teve medo de perder votos. Continua a não existir justiça, nem segurança, nem empresas nacionais competitivas. Há mais desemprego estrutural, desemprego encapuçado e recibos verdes. Há mais corrupção e desigualdade social. E acima de tudo há que ter consciência que os próximos 4 anos não vão ser de recuperação mas sim de agonia. E quem melhor que Sócrates para nos liderar na mediocridade?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Lisboa sem Sentido

Lá vai Lisboa no sentido descendente com mais um disparatado programa eleitoral do inevitável Santana Lopes. Sempre que o desafio parece impossível lá está ele a dizer presente. Mais uma vez propõe fazer uma revolução que vai desde a reabilitação ao repovoamento, passando por mais eficiência energética, túneis, pontes, aeroportos, requalificação de bairros, acabar com contentores, melhorar os transportes públicos e muito muito mais. Quem tiver paciência para ler o programa conclui que a ambição do candidato é de tal maneira desmedida que torna evidente que continua distante do mundo real.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Navegar à Vista I

Hoje em dia notícias como as previsões da OCDE não são de todo importantes porque estão cada vez mais longe da realidade. Os números das estatísticas de emprego ou da variação do PIB fazem parte de um mundo virtual, o mundo das notícias. Todos os dias pessoas de todo o mundo regressam ao fim do dia para as suas casas, ligam a TV e assistem a essa espécie de novela de emoções fortes em que o enredo avança ou recua ao sabor de um guião que vai sendo produzido por políticos e interpretado por jornalistas e comentadores. O mundo das notícias é uma espécie de mega produção ao estilo de Hollywood em que os números são adereços que flutuam sem qualquer sentido e segundo a vontade de quem manda nas notícias. Podem ser lidos de cima para baixo ou de baixo para cima, dependendo da criatividade. Sobre eles podem ser ditos todos os disparates que se quiser porque tudo não passa de um filme, sem consequências porque depois do fim aparece sempre uma sequela ainda mais sofisticada, cheia de efeitos especiais como a bolsa de valores, a macroeconomia ou o preço do barril de petróleo, tudo para nos manter distraídos.

Um dos maiores problemas dos dias de hoje é que a política de um modo geral já só age em função desse universo imaginário. Governa-se para se ter melhores notícias. Votar não é mais que ligar para um número gratuito para escolher o programa que se quer ver nas notícias dos próximos anos. Claro que tudo isto assenta sobre uma realidade que não tem nada de virtual que é a própria vida, onde existem problemas que não têm associação aos números porque não são ficção. No mundo real navega-se à vista, ninguém sabe para onde estamos a ir e o mais provável é caminharmos em direcção a um buraco qualquer. Há muita gente que já vive nesse buraco, que sofre e que gostaria de sair dele, mas isso é quase impossível na medida em que a maioria das pessoas deste mundo, sem se aperceberem, estão a caminhar no sentido contrário bloqueando assim a passagem daqueles que se esforçam desesperadamente por sair. Tudo porque não têm coragem de se desligarem do mundo virtual das notícias e enfrentarem a realidade tal como ela é.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Eleições Europeias II

Fazendo o rescaldo das europeias o único derrotado foi o PS que numa eleição em que a esquerda votou massivamente teve uma percentagem de votos ridícula. Mesmo assim o PS continua a achar que apenas levou um susto quando na realidade foi notificado que daqui para a frente tem de arranjar uma muleta para apoiar um governo cuja credibilidade já só pode piorar. Eventualmente até será o partido mais votado nas legislativas mas a maioria absoluta já é uma ilusão e o tempo das vacas gordas acabou.

O PSD foi abençoado por um milagre chamado Paulo Rangel que contra a vontade do próprio partido conseguiu motivar o eleitorado base e ainda foi buscar uns quantos votos extra. Os ventos mudaram e o discurso que antes era enfadonho agora parece ser a melhor estratégia. Se a Manuela Ferreira Leite interpretar correctamente os resultados e conseguir passar a imagem que está a concorrer sozinha contra o próprio partido, pode ser que consiga repetir a proeza dos 31% e quem sabe discutir a vitória. No fundo existe uma grande intolerância à marca PSD e quem quiser ganhar eleições por este partido terá sempre de mostrar que é diferente da maior parte das pessoas que o constituem. Essa foi a grande lição dada pelo pequeno Rangel e só por isso mereceu a vitória que lhe foi entregue numa bandeja pelo senhor engenheiro Sócrates.

O BE está a viver um sonho, passou o PCP e apresenta-se como o principal candidato a muleta. Foi uma espécie de cheque ao rei. Mas está-se mesmo a ver que o cheque mate está a caminho. Resta saber se até às legislativas vão conseguir manter a fachada de serem um partido democrático. Sinceramente acho que sim, já falta pouco tempo e falhar agora seria como falhar um penalti. As europeias foram apenas um aperitivo para a preparar o prato principal. Vão ter tantos votos que nem vão saber o que fazer com eles.

O PCP ganhou porque ainda não foi desta que perdeu. Teve mais votos que o costume mas também numa eleição em que até os brancos e nulos tiveram 6% não se pode dizer que tenha sido uma grande proeza. Ao contrário do vizinho BE é um partido de boas pessoas, com os pés bem assentes na terra e que sabem que terão de fazer uma travessia no deserto até que a onda bloquista mostre a sua verdadeira face.

O CDS ganhou e de que maneira, não só não desapareceu como agora até pode vir a ser a muleta de alguém. Resta saber se vão conseguir ganhar a aposta que se segue, serem a ala direita do PSD ou a ala esquerda do PS. Se tentarem ser as duas coisas ao mesmo tempo arriscam-se novamente a entrar no táxi.

Os brancos e nulos finalmente conseguiram passar a barreira psicológica da desconsideração total. Nunca mais serão negligenciados nas sondagens e têm tudo para subirem e serem uma força dominante. Foi a maior vitória de todas.

Last but not least a grande força da abstenção. Haverá quem considere que a abstenção representa as pessoas que não votaram PS porque não era preciso. Grande falta de visão! A abstenção será igualmente enorme nas legislativas, próxima dos 50%, porque a maioria das pessoas estão fartas deste governo, não acreditam em nenhuma das alternativas e não têm pachorra para ir votar branco ou nulo, que na verdade é a única força política que realmente as representa.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Banco de Portugal

Vitor Constâncio disse que deveria haver mais respeito por uma instituição como o Banco de Portugal. No entanto ele é o primeiro a desrespeita-la na medida em que não se demite quando já está mais que provado que existiram práticas ilícitas não detectadas durante o seu mandato. De nada serve dizer que não houve falha de supervisão ou que essas práticas eram indetectáveis. Isso não serve de desculpa. No limite até pode ter sido tudo bem feito mas o que é que isso interessa? Os buracos existem, todos nós vamos paga-los com os nossos impostos e isso por si só deveria ser suficiente para uma demissão. Este tipo de comportamento pouco digno de alguém que é presidente de uma instituição tão respeitável leva-me a acreditar que a supervisão foi sempre negligenciada em detrimento de relatórios técnicos que Vitor Constâncio tanto gosta de fazer. E o povo é que paga e paga bem!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Votar em Branco

Presto homenagem às 164831 pessoas esclarecidas deste país que votaram em branco com a promessa que nas próximas eleições também estarei desse lado da barricada.

Eleições Europeias

Tem que se dar o mérito a quem tem. António Barreto em 5 minutos conseguiu resumir o sentimento mais profundo destas eleições europeias. Sócrates e o seu bando ficaram em estado de choque com estes resultados, nunca imaginaram ter tão poucos votos. Perante a surpresa não decidiram parar para analisar o que está a correr a mal mas sim seguir em frente na esperança que tudo isto foi um pesadelo e que o povo irá tomar juízo e votar como deve de ser nas legislativas. Afinal de contas estão ou não estão a fazer um trabalho magnífico? Por isso nada de ilusões, Sócrates vai continuar igual a si próprio, cego de tanta vaidade.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Vital é mau demais

Eu não vou à bola com políticos de um modo geral. Mas Vital Moreira é um exagero! Cumpre todos os requisitos do mau político, completamente arrogante, sem o dom da palavra, incoerente, sem vislumbre de uma ideia positiva, chega a parecer senil. É o expoente máximo do político profissional cujo trabalho se resume a mandar larachas. A nossa sociedade bajula este tipo de pessoas, considera-as num patamar superior, mas o seu discurso mostra que tem o cérebro congelado e não é de agora. É incrível como é que o PS o escolheu para cabeça de lista e ainda mais incrível que vá ganhar as eleições europeias, pelo menos segundo as sondagens.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Votar PS - Ilusão ou Resignação?


Qual será a motivação de votar PS mesmo depois destes últimos anos de total desgoverno? Não acredito que as pessoas não percebam que Sócrates, Pino, Lino, Teixeira e praticamente todos os outros, não têm qualificações para os cargos que exercem e fazem-no de uma maneira inconsciente e irresponsável com graves prejuízos para todos nós. Mas sendo isso tão visível para qualquer pessoa minimamente atenta, como é que o PS vai continuar a ter tantos votos? Na minha opinião muitas pessoas revêem-se na maneira de ser deste governo, na medida em que nas suas próprias vidas também preferem fingir que os problemas não existem, adiar as soluções para os anos seguintes, viver acima das suas possibilidades, valorizar a propaganda e as aparências. No fundo a maioria das pessoas que vota prefere fingir que não é muito afectada pela incompetência deste governo que se reflecte na degradação da justiça, no custo da saúde privada, na falta de educação dos seus filhos, no aumento ainda maior dos impostos, no buraco gigantesco das nossas finanças públicas, na insegurança duma sociedade cada vez mais desigual, nos cortes ainda mais acentuados nas reformas, na banalização do emprego precário, e em tantas outras coisas que pioraram exponencialmente. A realidade é dura e muitas pessoas preferem viver a ilusão que Sócrates oferece gastando o nosso dinheiro em luxos tipicos de quem está habituado a ter tudo sem esforço. Outras perderam a esperança e por isso não votam. Resta saber se ainda há quem esteja disponivel para votar diferente, em branco, nulo, à esquerda do PS ou à direita do PS. Mas acima de tudo diferente porque se não formos nós a mudar, alguém mudará por nós.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Autoeuropa

Quimonda e Autoeuropa são apenas mais 2 empresas que deixaram de ter viabilidade com a crise económica. A crise em Portugal é uma especie de ente divino que age como um terramoto com as suas réplicas sucessivas que vão mandando abaixo todos os edifícios do nosso aparelho produtivo. Por agora podemos tentar disfarçar que o que está a acontecer é fruto da malvadez dessa tal crise. Mas quando a crise já não servir de desculpa tenho curiosidade de saber o que vão inventar a seguir para justificar o facto de o nosso país não produzir quase nada que seja realmente nosso e que nos últimos anos temos alimentado a nossa economia com apendices de fábricas de outros países que se instalam aqui para aproveitar a nossa mão de obra barata e qualificada e os apoios governamentais que não são mais do que o esbanjar dos nossos impostos para resolver o problema da exportações da maneira mais fácil. Tal como os exames escolares, como os hospitais privados e as mil e uma autoestradas, estes nossos políticos incompetentes optam sempre pela solução mais fácil. Essa é que é a nossa crise.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Qualificações

Segundo Sócrates as desigualdades sociais existentes no país são fruto das deficientes qualificações da generalidade da população. Como qualificar as pessoas dá trabalho e demora tempo, o governo resolveu saltar essa parte e passou logo para a fase da entrega de diplomas. Baseando-se na preciosa experiência de vida do PM que aprendeu inglês técnico em poucos segundos e tirou uma licenciatura em engenharia na farinha amparo, em poucos anos este governo pretende revolucionar as estatísticas e fazer com que o nosso país seja menos desigual. Agora só não tem qualificações quem não quer e no fundo poderíamos ser todos PMs. Certamente não faríamos pior.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Mão na Bolsa

Numa entrevista publicada pelo jornal I, Obama diz que parte da riqueza que se perdeu com a crise era pura ilusão. Ao olhar para a recente subida galopante da bolsa portuguesa, que de maneira alguma se traduz em melhorias na economia real, começo a suspeitar que em Portugal a única parte que vamos recuperar será aquela que nunca chegou a existir.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Financiamento dos Partidos

É do senso comum que os actuais partidos estão podres e já não deviam existir mas poucas pessoas têm a coragem de o dizer porque não há alternativas com vista a uma transição pacífica para outro modelo. Por isso vamos continuar a fingir que está tudo bem até ao dia em que seja insustentável continuar. Tendo isso em consideração e sabendo que Portugal e corrupção são duas palavras inseparáveis, faz todo o sentido aumentar o limite dos financiamentos dos partidos. Nem percebo como é que demoraram tanto tempo a fazê-lo. Qualquer dia ainda vão inventar linhas de crédito especial para financiamentos de partidos. Já estou a ver o slogan da campanha eleitoral: “Invista no nosso partido que o retorno compensa. É um investimento seguro e sem riscos”.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Round 1

Finalmente Sócrates descobriu uma adversária à altura, Manuela Moura Guedes. Por um lado um peso pesado da política, um sugador de impostos e viciado em dívidas. Por outro lado um peso pesado do jornalismo, uma sugadora de botox e viciada em audiências. Há quem diga que o PM ganhou, há quem diga que a Manela ganhou, mas no fundo ganhamos todos, porque enquanto eles se distraem mutuamente são menos dois motivos de desalento nas nossas vidas.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Ser deputado é bom, é bom é…

No ponto 7 do regime de presenças e faltas ao Plenário pode-se ler “A palavra do deputado faz fé, não carecendo por isso de comprovativos adicionais. Quando for invocado o motivo de doença, poderá, porém, ser exigido atestado médico caso a situação se prolongue por mais de uma semana.”. Idealmente isto nem seria um problema se estivéssemos a falar de pessoas com uma experiência de vida e uma carreira profissional que os colocasse numa posição de indiscutível mérito e inquestionável ética. Claro que isso nem sempre acontece porque as listas dos deputados são escolhidas pelos órgãos dos partidos políticos e tudo o que vem dos partidos é prejudicial para a sociedade. Uma maneira de melhorar o nível médio dos deputados seria reduzir o seu número, seleccionando apenas os melhores, impondo critérios de exigência nas escolhas, dando de novo crédito a uma profissão que deveria ser respeitada. Mas como não estou a ver nenhum partido a defender essa ideia só resta às pessoas deixarem de votar nos partidos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ah! Tomar!

Ontem Vital Moreira explicou ao país que a 3ª auto-estrada entre Lisboa e o Porto é justificada por passar em Tomar e pelo centro de Coimbra. Finalmente alguém explica estas coisas porque o pessoal é burro e não chega lá sozinho. Além disso acrescentou que a oposição não pode criticar porque está comprometida pelo plano rodoviário aprovado no tempo em que os papéis estavam invertidos. Ou seja, na opinião do governo estão encontradas as desculpas, aliás os argumentos, para abrir o champanhe com os amigos que fazem estradas, aos quais devem favores e com os quais estão provavelmente comprometidos. Se é por uma causa tão nobre façam o favor de usar o nosso dinheiro, nem precisam se esforçar tanto a explicar e o povo agradece poder escolher entre 3 auto-estradas para chegar ao mesmo destino.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Frases Salgadas

Os governos Europeus têm de se coordenar para fazer frente à crise – Isto em linguagem de banqueiro quer dizer que os governos europeus deveriam ter dado tanto dinheiro aos bancos europeus quanto o que foi dado pela reserva federal aos bancos americanos. No limite até pode ser verdade, mas dito em público por um banqueiro, soa mesmo mal. Não vejo diferença para os pedintes do metro.

A banca portuguesa revelou ter sido prudente na atribuição de crédito, não foram intoxicados – Mais uma vez é incrível o descaramento. Os bancos estiveram nos últimos anos a funcionarem como balcões de venda de produtos financeiros aliciando os clientes de forma até agressiva. E se não temos tanto crédito malparado como noutros países foi apenas porque não tivemos tanto dinheiro para emprestar.

Os spreads não têm nada que ver com a margem de lucro dos bancos – A matemática dos spreads é simples. É uma forma de catalogar os clientes em bons e maus. Que fique bem claro que os bancos foram feitos para ganhar dinheiro, o máximo possível com o mínimo risco possível, mesmo quando são ajudados pelo estado, ou seja por nós.

Os grandes investimentos públicos fazem parte de uma visão estratégica para apoiar o desenvolvimento económico do país – O governo agradece a graxa nos sapatos. Além disso como banqueiro não tem nada a ganhar em financiar os grandes investimentos do governo, pois não?

Precisamos de ter meios de transporte para a integração dentro da Península Ibérica – Mais uma vez o Sr. Salgado está a chamar-nos parvos. Os TGVs, estradas e portos vão-nos levar muitíssimo longe, até Espanha, que é onde está o grande oásis económico que irá finalmente fazer crescer o nosso produto.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Partidos Fora do Poder

Esperar que os partidos resolvam os problemas do país é um contra senso. São apenas organizações que lutam pela conquista do poder político. Ao contrário do que dizem já não se regem por ideais nem convicções. Se a ideia é fazer a diferença então há que cortar todas as ligações com os partidos. Hoje em dia ser conotado com um partido é contraproducente qualquer que ele seja. Deixaram de merecer crédito. Nos últimos anos têm apenas gerado pessoas convencidas que não passam de chicos-espertos. Promovem líderes fracos, moldáveis, alguns mesmo corruptos, que só pensam em promover as suas carreiras políticas e os seus egos. Funcionam como elevadores para ascenção ao poder para quem não tem outra maneira de subir.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sob Ataque

O mar está a comer Portugal. Qualquer tentativa de controlar a natureza é inútil. Parece um pequeno problema e limitado a alguns proprietários de habitações costeiras. Mas poderíamos minimizar o impacto deste ataque marítimo se tivéssemos um projecto de ordenamento de território que não fosse apenas conversa fiada. A ideia que dá é que os planos directores até existem mas não servem de nada porque ninguém fiscaliza o seu cumprimento. Sendo assim teremos aquilo que merecemos, que é uma costa a desaparecer a um ritmo alucinante. Por isso passaremos ano após ano a construir pontões e a repor a areia perdida para salvar as nossas praias, o que irá desequilibrar ainda mais a natureza e acelerar o processo destrutivo. Não é uma tragédia mas é mais uma situação em que o país mostra um total desgoverno.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Quimonda

Há pessoas que não percebem como é que existem milhares de milhões de euro para cobrir prejuízos de bancos mas não existe dinheiro para salvar a pequena Quimonda. Não percebem também como é que uma potência como a Alemanha não poupa esforços para salvar grandes empresas de automóveis mas não se preocupa minimamente com a nossa maior empresa exportadora. Acima de tudo não percebem como é que a Europa não defende uma das poucas empresas de tecnologia de ponta que poderia competir com as empresas asiáticas do sector. Na minha modesta opinião a guerra tecnológica com a Ásia está perdida à partida. Infelizmente para Portugal e acima de tudo para as pessoas que lá trabalhavam é uma ilusão achar que este tipo de empresas tem viabilidade num cenário que não seja de baixíssimos salários e pouquíssimas regalias sociais como na Ásia. Daí que a Alemanha não considere prioritário gastar dinheiro dos seus contribuintes nesta área. Mas Portugal em certo momento considerou, e agora que o mal está feito, qualquer desculpa serve para defender esse investimento. É compreensível. Espero que consigam um milagre.

sábado, 11 de abril de 2009

Lisboa – Sonho e Pesadelo

Por altura da Páscoa Lisboa fica inundada de turistas. O facto de eles voltarem todos os anos só pode querer dizer que ainda gostam. A cidade continua a ter os seus lugares pitorescos e miradouros agradáveis e felizmente quem está de férias tem tendência para valorizar a melhor parte. É um orgulho para a cidade sempre que os turistas andam alegres pelas suas colinas mas ao mesmo tempo existe uma sensação de amargura. Se os prédios estivessem recuperados como em Praga, se o centro estivesse habitado e cheio de vida como em Barcelona, se os transportes públicos fossem eficientes como em Berlim. Ou se oferta cultural chegasse aos calcanhares de Londres, Madrid, Paris ou Roma ou se houvesse uma praça com o frenesim da Djemaa El Fna de Marrakesh. Talvez fosse pedir de mais tendo em conta a situação actual, na qual Lisboa está de mão estendida e a farejar novas formas de taxar os poucos habitantes que ainda restam. Sem dinheiro é complicado fazer obra, é urgente uma intervenção governamental porque Lisboa está a apodrecer a um ritmo muito mais acelerado que a sua reabilitação. Mas mais do que dinheiro seria preciso ter um governo que realmente estivesse interessado, que não fosse apenas um conjunto de profissionais da política, Pinos e Linos a fazerem propaganda para disfarçarem a incapacidade de lidar com a situação, confiantes que os seus eleitores estão sob controlo, hipnotizados e conformados com o seu destino. Até ao dia em que a situação se tornar insustentável, mas nessa altura já este governo conta estar de férias nas administrações das empresas públicas a gozar o merecido descanso e a viver luxuosamente. Se nós deixarmos.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

TGV dos Pobres

É impressão minha ou um dos defensores do traçado da margem norte disse que apesar da topologia do terreno ser menos favorável mesmo assim a solução é mais barata considerando os custos operacionais, uma vez que a distância deste traçado é inferior e o custo de manutenção por km elevadíssimo. Ou seja, o TGV não só terá um investimento superior a 3 buracos do BPN como depois de concluído terá custos de manutenção elevadíssimos. Isto é assumido pelas mesmas pessoas que andam a tentar convencer-nos que não à vida sem TGV e que a análise custo beneficio é favorável ao avanço do projecto. Considerando 1 milhão de pessoas por ano a 50€ o bilhete, seriam precisos 140 anos só para cobrir o investimento inicial de 7 mil milhões que como em qualquer obra será ultrapassado largamente. Para o projecto ser viável seria preciso um fluxo enorme de turistas estrangeiros a frequentarem o novo aeroporto e o TGV. Mas será que os turistas que nos visitam querem ser recebidos em aeroportos e comboios de luxo? Será que não estamos a tentar oferecer algo que é exactamente o contrário daquilo que o turista procura? Ainda vamos descobrir tarde demais que teria sido preferível recuperar aeroportos pequenos para low costs e reabilitar o centro das cidades dando algum charme a Portugal mantendo o preço dentro de limites aceitáveis. E quanto aos custos de manutenção, a melhor maneira de os minimizar é reduzir os km de linha para zero. Seria um alívio para todos os pobres deste país.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Velhice

Hoje de manhã ouvi nos noticiários uma frase que me deixou perplexo. O mundo precisa de Obama da mesma maneira que precisa de Soares. Não pude deixar de rir mas senti-me mal logo a seguir. A velhice é um posto e deve ser respeitada. É uma fase em que se volta a ser criança e a viver no mundo do imaginário. Nesse mundo somos super heróis, conseguimos antecipar crises económicas, resultados de eleições, possuímos um estatuto de donos da liberdade e tudo o que dizemos por mais estúpido que seja é uma referência para muita gente. No fundo somos os maiores. Houvessem mais Soares neste mundo e teríamos de ter mais Obamas para os entreter e mais Ana Gomes para viverem nas suas sombras. Seria um mundo de sonho.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

The London Summit

Aparentemente a cimeira dos G20 foi um sucesso mas qual é o critério para o sucesso de uma cimeira? Foram publicadas recomendações para reforçar o papel da regulação e transparência dos mercados e ao mesmo tempo definidos novos apoios para voltar a injectar liquidez. Dá a ideia que acima de tudo queremos que tudo volte a funcionar como dantes mas com toda uma nova panóplia de burocracia para fingir que desta vez está tudo sob controlo. É a natureza humana a vir ao de cima. Já o grande Seinfeld dizia que a humanidade em vez que evitar as situações de partir a cabeça preferiu inventar o capacete.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Está na hora

Está na hora de irmos todos a correr comprar acções sob pena de estarmos a perder dinheiro fácil. Os grandes entendidos na matéria afirmam que os sinais apontam para uma estabilização dos mercados e os mercados nunca mentem. Por isso toca a ir comprar acções! Estão tão baixas coitadinhas. É quase um dever moral compra-las para vendê-las mais caras daqui uns meses. Se for verdade que conseguimos sair desta crise, toca a começar a próxima. Não há tempo a perder...

terça-feira, 31 de março de 2009

Fibra Optica

O governo vai dar incentivos para a construção de redes de nova geração, no fundo vai subsidiar a passagem de fibra óptica em zonas menos rentáveis. Para quem não sabe, zonas menos rentáveis, são zonas em que não existe um número de clientes ou quantidade de tráfego que justifique o investimento. O que é será que passa na cabeça das pessoas que atribuem este tipo de fundos comunitários? Será que a Europa tem alguma consciência da forma como gasta o dinheiro dos seus contribuintes? E o dinheiro não fará falta noutro lado qualquer? Por outro lado, o governo está a dar dinheiro às operadoras de telecomunicações em troca de quê? Programas e-escolas? Criação de novos call centers para absorver novos desempregados licenciados? Favores em futuros concursos públicos? Lugares no futuro governo? Lugares nas administrações das empresas em causa?

segunda-feira, 30 de março de 2009

A Caminho do Abismo

Portugal é um país fantástico, basta viajar durante algum tempo para sentirmos saudade deste pequeno lugar à beira mar plantado. Mas porque será que nos sentimos tão bem no nosso canto? Não é apenas pelas praias porque as do Brasil são melhores. Não é pelo tempo porque não sendo mau é pior que o de Marrocos. Talvez seja pelas pessoas ou pela gastronomia. Mas acho que a simpatia natural portuguesa está a perder-se e os melhores bolos do mundo são alemães. Mas então, saudades de quê? De tudo e de nada em especial, de um conjunto de circunstâncias. Se calhar os nossos pontos fortes não são assim tão fortes, mas os nossos pontos fracos também não são assim tão fracos. A violência não é tão grande como na América do Sul, a diferenças sociais são claramente inferiores às da Ásia, as condições humanitárias e a corrupção são incomparavelmente melhores que em África. E se compararmos com os países mais ricos, não temos terrorismo, crime organizado, suicídios em massa, temos mais férias, mais tempo para ir ao café e à esplanada, temos alguma liberdade de pensamento e apetência criativa que se revela acima de tudo numa brilhante capacidade de desenrasque. A esmagadora maioria da população tem comida, água potável, casa e alguns que não são assim tão poucos, carros, casas de férias, roupas de marca, viagens e outros pequenos luxos. Em Portugal existe um certo equilíbrio natural, um certo encanto que faz com que o nosso país seja confortável para a maioria das pessoas.

Nesse caso qual a razão para abrir um blog com um título tão negativo? É verdade que está no nosso sangue dizer mal de nós próprios mas não é só isso. Os equilíbrios são sempre situações temporárias e a minha intuição diz-me que estamos a chegar a um ponto de viragem em que o nosso bem-estar vai passar a ser posto em causa. Esta ideia é já uma realidade cruel para quem está a tentar dar os primeiros passos no mundo do trabalho e as consequências atingem por tabela quem ainda possui o privilégio de ter um trabalho estável. Mas não é só isso. Durante o período das vacas gordas criaram-se vícios perniciosos. Cada vez há mais corrupção e cada vez há mais pessoas a viverem bem à custa do estado. Está instalada a ideia de que existe um grupo de pessoas, lobbys e empresas que são responsáveis pelo nosso bem-estar colectivo, o chamado motor da economia, e que esses entes maravilhosos devem ser protegidos e beneficiados como se fossem espécies em vias de extinção. E tudo resolve-se à custa de dinheiro que não existe e que alguém há-de pagar um dia. A justiça está cada mais injusta, a saúde destinada apenas aos ricos, o ensino já bateu no fundo, agricultura e pescas desapareceram, e até a igreja e o futebol que já foram um conforto moral em outros tempos, estão falidos. Até aqui temos vivido mais ou menos felizes apesar de nem todos terem tido consciência disso, mas daqui para a frente vem aí um mar de dificuldades e tempos difíceis.

Este blog tentará expor as situações mais escandalosas que acontecem no dia a dia e a forma pouco digna como os nossos políticos agravam a nossa situação futura para benefício próprio. Porque não sabem nem têm a coragem de fazer diferente. Acima de tudo penso que é preciso expor que ter políticos deste nível é o mesmo que não ter nada e que no fundo existe um vazio de poder em Portugal, o governo não tem autoridade e cada vez menos legitimidade.