quinta-feira, 23 de abril de 2009

Round 1

Finalmente Sócrates descobriu uma adversária à altura, Manuela Moura Guedes. Por um lado um peso pesado da política, um sugador de impostos e viciado em dívidas. Por outro lado um peso pesado do jornalismo, uma sugadora de botox e viciada em audiências. Há quem diga que o PM ganhou, há quem diga que a Manela ganhou, mas no fundo ganhamos todos, porque enquanto eles se distraem mutuamente são menos dois motivos de desalento nas nossas vidas.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Ser deputado é bom, é bom é…

No ponto 7 do regime de presenças e faltas ao Plenário pode-se ler “A palavra do deputado faz fé, não carecendo por isso de comprovativos adicionais. Quando for invocado o motivo de doença, poderá, porém, ser exigido atestado médico caso a situação se prolongue por mais de uma semana.”. Idealmente isto nem seria um problema se estivéssemos a falar de pessoas com uma experiência de vida e uma carreira profissional que os colocasse numa posição de indiscutível mérito e inquestionável ética. Claro que isso nem sempre acontece porque as listas dos deputados são escolhidas pelos órgãos dos partidos políticos e tudo o que vem dos partidos é prejudicial para a sociedade. Uma maneira de melhorar o nível médio dos deputados seria reduzir o seu número, seleccionando apenas os melhores, impondo critérios de exigência nas escolhas, dando de novo crédito a uma profissão que deveria ser respeitada. Mas como não estou a ver nenhum partido a defender essa ideia só resta às pessoas deixarem de votar nos partidos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ah! Tomar!

Ontem Vital Moreira explicou ao país que a 3ª auto-estrada entre Lisboa e o Porto é justificada por passar em Tomar e pelo centro de Coimbra. Finalmente alguém explica estas coisas porque o pessoal é burro e não chega lá sozinho. Além disso acrescentou que a oposição não pode criticar porque está comprometida pelo plano rodoviário aprovado no tempo em que os papéis estavam invertidos. Ou seja, na opinião do governo estão encontradas as desculpas, aliás os argumentos, para abrir o champanhe com os amigos que fazem estradas, aos quais devem favores e com os quais estão provavelmente comprometidos. Se é por uma causa tão nobre façam o favor de usar o nosso dinheiro, nem precisam se esforçar tanto a explicar e o povo agradece poder escolher entre 3 auto-estradas para chegar ao mesmo destino.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Frases Salgadas

Os governos Europeus têm de se coordenar para fazer frente à crise – Isto em linguagem de banqueiro quer dizer que os governos europeus deveriam ter dado tanto dinheiro aos bancos europeus quanto o que foi dado pela reserva federal aos bancos americanos. No limite até pode ser verdade, mas dito em público por um banqueiro, soa mesmo mal. Não vejo diferença para os pedintes do metro.

A banca portuguesa revelou ter sido prudente na atribuição de crédito, não foram intoxicados – Mais uma vez é incrível o descaramento. Os bancos estiveram nos últimos anos a funcionarem como balcões de venda de produtos financeiros aliciando os clientes de forma até agressiva. E se não temos tanto crédito malparado como noutros países foi apenas porque não tivemos tanto dinheiro para emprestar.

Os spreads não têm nada que ver com a margem de lucro dos bancos – A matemática dos spreads é simples. É uma forma de catalogar os clientes em bons e maus. Que fique bem claro que os bancos foram feitos para ganhar dinheiro, o máximo possível com o mínimo risco possível, mesmo quando são ajudados pelo estado, ou seja por nós.

Os grandes investimentos públicos fazem parte de uma visão estratégica para apoiar o desenvolvimento económico do país – O governo agradece a graxa nos sapatos. Além disso como banqueiro não tem nada a ganhar em financiar os grandes investimentos do governo, pois não?

Precisamos de ter meios de transporte para a integração dentro da Península Ibérica – Mais uma vez o Sr. Salgado está a chamar-nos parvos. Os TGVs, estradas e portos vão-nos levar muitíssimo longe, até Espanha, que é onde está o grande oásis económico que irá finalmente fazer crescer o nosso produto.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Partidos Fora do Poder

Esperar que os partidos resolvam os problemas do país é um contra senso. São apenas organizações que lutam pela conquista do poder político. Ao contrário do que dizem já não se regem por ideais nem convicções. Se a ideia é fazer a diferença então há que cortar todas as ligações com os partidos. Hoje em dia ser conotado com um partido é contraproducente qualquer que ele seja. Deixaram de merecer crédito. Nos últimos anos têm apenas gerado pessoas convencidas que não passam de chicos-espertos. Promovem líderes fracos, moldáveis, alguns mesmo corruptos, que só pensam em promover as suas carreiras políticas e os seus egos. Funcionam como elevadores para ascenção ao poder para quem não tem outra maneira de subir.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sob Ataque

O mar está a comer Portugal. Qualquer tentativa de controlar a natureza é inútil. Parece um pequeno problema e limitado a alguns proprietários de habitações costeiras. Mas poderíamos minimizar o impacto deste ataque marítimo se tivéssemos um projecto de ordenamento de território que não fosse apenas conversa fiada. A ideia que dá é que os planos directores até existem mas não servem de nada porque ninguém fiscaliza o seu cumprimento. Sendo assim teremos aquilo que merecemos, que é uma costa a desaparecer a um ritmo alucinante. Por isso passaremos ano após ano a construir pontões e a repor a areia perdida para salvar as nossas praias, o que irá desequilibrar ainda mais a natureza e acelerar o processo destrutivo. Não é uma tragédia mas é mais uma situação em que o país mostra um total desgoverno.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Quimonda

Há pessoas que não percebem como é que existem milhares de milhões de euro para cobrir prejuízos de bancos mas não existe dinheiro para salvar a pequena Quimonda. Não percebem também como é que uma potência como a Alemanha não poupa esforços para salvar grandes empresas de automóveis mas não se preocupa minimamente com a nossa maior empresa exportadora. Acima de tudo não percebem como é que a Europa não defende uma das poucas empresas de tecnologia de ponta que poderia competir com as empresas asiáticas do sector. Na minha modesta opinião a guerra tecnológica com a Ásia está perdida à partida. Infelizmente para Portugal e acima de tudo para as pessoas que lá trabalhavam é uma ilusão achar que este tipo de empresas tem viabilidade num cenário que não seja de baixíssimos salários e pouquíssimas regalias sociais como na Ásia. Daí que a Alemanha não considere prioritário gastar dinheiro dos seus contribuintes nesta área. Mas Portugal em certo momento considerou, e agora que o mal está feito, qualquer desculpa serve para defender esse investimento. É compreensível. Espero que consigam um milagre.

sábado, 11 de abril de 2009

Lisboa – Sonho e Pesadelo

Por altura da Páscoa Lisboa fica inundada de turistas. O facto de eles voltarem todos os anos só pode querer dizer que ainda gostam. A cidade continua a ter os seus lugares pitorescos e miradouros agradáveis e felizmente quem está de férias tem tendência para valorizar a melhor parte. É um orgulho para a cidade sempre que os turistas andam alegres pelas suas colinas mas ao mesmo tempo existe uma sensação de amargura. Se os prédios estivessem recuperados como em Praga, se o centro estivesse habitado e cheio de vida como em Barcelona, se os transportes públicos fossem eficientes como em Berlim. Ou se oferta cultural chegasse aos calcanhares de Londres, Madrid, Paris ou Roma ou se houvesse uma praça com o frenesim da Djemaa El Fna de Marrakesh. Talvez fosse pedir de mais tendo em conta a situação actual, na qual Lisboa está de mão estendida e a farejar novas formas de taxar os poucos habitantes que ainda restam. Sem dinheiro é complicado fazer obra, é urgente uma intervenção governamental porque Lisboa está a apodrecer a um ritmo muito mais acelerado que a sua reabilitação. Mas mais do que dinheiro seria preciso ter um governo que realmente estivesse interessado, que não fosse apenas um conjunto de profissionais da política, Pinos e Linos a fazerem propaganda para disfarçarem a incapacidade de lidar com a situação, confiantes que os seus eleitores estão sob controlo, hipnotizados e conformados com o seu destino. Até ao dia em que a situação se tornar insustentável, mas nessa altura já este governo conta estar de férias nas administrações das empresas públicas a gozar o merecido descanso e a viver luxuosamente. Se nós deixarmos.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

TGV dos Pobres

É impressão minha ou um dos defensores do traçado da margem norte disse que apesar da topologia do terreno ser menos favorável mesmo assim a solução é mais barata considerando os custos operacionais, uma vez que a distância deste traçado é inferior e o custo de manutenção por km elevadíssimo. Ou seja, o TGV não só terá um investimento superior a 3 buracos do BPN como depois de concluído terá custos de manutenção elevadíssimos. Isto é assumido pelas mesmas pessoas que andam a tentar convencer-nos que não à vida sem TGV e que a análise custo beneficio é favorável ao avanço do projecto. Considerando 1 milhão de pessoas por ano a 50€ o bilhete, seriam precisos 140 anos só para cobrir o investimento inicial de 7 mil milhões que como em qualquer obra será ultrapassado largamente. Para o projecto ser viável seria preciso um fluxo enorme de turistas estrangeiros a frequentarem o novo aeroporto e o TGV. Mas será que os turistas que nos visitam querem ser recebidos em aeroportos e comboios de luxo? Será que não estamos a tentar oferecer algo que é exactamente o contrário daquilo que o turista procura? Ainda vamos descobrir tarde demais que teria sido preferível recuperar aeroportos pequenos para low costs e reabilitar o centro das cidades dando algum charme a Portugal mantendo o preço dentro de limites aceitáveis. E quanto aos custos de manutenção, a melhor maneira de os minimizar é reduzir os km de linha para zero. Seria um alívio para todos os pobres deste país.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Velhice

Hoje de manhã ouvi nos noticiários uma frase que me deixou perplexo. O mundo precisa de Obama da mesma maneira que precisa de Soares. Não pude deixar de rir mas senti-me mal logo a seguir. A velhice é um posto e deve ser respeitada. É uma fase em que se volta a ser criança e a viver no mundo do imaginário. Nesse mundo somos super heróis, conseguimos antecipar crises económicas, resultados de eleições, possuímos um estatuto de donos da liberdade e tudo o que dizemos por mais estúpido que seja é uma referência para muita gente. No fundo somos os maiores. Houvessem mais Soares neste mundo e teríamos de ter mais Obamas para os entreter e mais Ana Gomes para viverem nas suas sombras. Seria um mundo de sonho.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

The London Summit

Aparentemente a cimeira dos G20 foi um sucesso mas qual é o critério para o sucesso de uma cimeira? Foram publicadas recomendações para reforçar o papel da regulação e transparência dos mercados e ao mesmo tempo definidos novos apoios para voltar a injectar liquidez. Dá a ideia que acima de tudo queremos que tudo volte a funcionar como dantes mas com toda uma nova panóplia de burocracia para fingir que desta vez está tudo sob controlo. É a natureza humana a vir ao de cima. Já o grande Seinfeld dizia que a humanidade em vez que evitar as situações de partir a cabeça preferiu inventar o capacete.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Está na hora

Está na hora de irmos todos a correr comprar acções sob pena de estarmos a perder dinheiro fácil. Os grandes entendidos na matéria afirmam que os sinais apontam para uma estabilização dos mercados e os mercados nunca mentem. Por isso toca a ir comprar acções! Estão tão baixas coitadinhas. É quase um dever moral compra-las para vendê-las mais caras daqui uns meses. Se for verdade que conseguimos sair desta crise, toca a começar a próxima. Não há tempo a perder...